domingo, 14 de junho de 2009

Das mortes que vivi...

Não resta muito
além do pesadelo que o sonho antecedeu.
Todos os planos mudados,
os desencontros calados.
Sozinho,
como o último homem da terra
que namora a lua tentando dormir
e acorda vendo-se como sol
queimando em fúria e solidão.

Vidas passadas em apenas uma
um enterro a cada mudança
o que fui, o que precisei ser
o que queria, e o que jamais consegui.
Ainda aterrorizado pelo escurecer dos sorrisos
que brilhavam a cada dia em minha mente.
Lembrança dos que amei
perdendo-se nos velorios que os ofertei,
sem saber que cavava minha própria sepultura.

Onde está aquela vida que planejávamos?
Aquele adulto que tanto quis ser um dia?
Onde está o futuro 2000?
Pra onde foi o adulto sonhador e o velho brincalhão?
Cada frase pensada enquanto o feijão borbulhava na lenha?
Onde estão?
As respostas para as dúvidas! Quais eram mesmo?
O mundo sem fronteiras?

Me diz, cadê o pai que você ousou sonhar em ser?
O amigo pra vida toda?
O fã de Raul, Metallica, Gessinger?
Lembro da sua baixa estatura e bochechas gordas...
Mas não as vejo mais,
depois que as enterrei junto com quem fui
Mortas, como você, em seu estado de coma...
Calado, confuso, calmamente perdido...

Onde está meu velho,
aquele garoto?
Nascente de vida simples e empolgante
que fluía feito rio para os mares que são os outros corações?
Aquele eu que me completava,
e dizia que ainda havia muito pra se viver?
Mas que agora,
não passa de um fantasma que vejo
toda vez que te olho no espelho...