segunda-feira, 23 de junho de 2008

Efémero paradoxo

E é quando me procuro
que me perco diante à ti
resquícios de um alegre passado
que hoje não me faz sorrir

Grandiosos dizeres e juras
emudecidos pelos elos partidos
desconhecido Eu que se mantém
diante à você, esse você que eu não criei

Domina-me livrando-me de
me prender à algo ou alguém
Dia-a-dia dividindo meus sentimentos
sem o intuito de compreende-los

Esse Eu-Você que foi criado
que me intriga, que me enlouquece
Esse Você-Eu, que não some
mesmo quando quebro o espelho

És parte de mim
esse Eu que não sai de ti
mas o que queres?
Minha vida ou meu fim?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Diário de um idiota!

Para 1 dia a menos lá vou eu! Sentado na poltrona do busão despeço-me dos meus desejos e críticas. Escrevo intensamente milhares de coisas, que de fato, não mudam muito, a não ser o excesso que me consome. Chegando na labuta começo a viajar no modo como me comunico com as pessoas e vice-versa. Não que seja por maldade, mas é meu jeitinho de lidar com certas ocasiões. E por falar nisso, chega de pensar agora é hora de trabalhar!

Passo o cartão
e começo a contagem regressiva
Cumprimentos superficiais
todo mundo finge ser legal

-Máquina parada!
(minha vida também)
Lá fora o sol brilha
aqui fluorescentes contra a escuridão

-Silêncio, o dono está ai!
(Dono da empresa, ou meu?)
Alguém quer engenharia
Eu? Prefiro sociologia

Me coloquei à venda
não sei se à prazo ou à vista
-Velho a gente precisa morar junto
-No campo limpo ou taboão?

-Programa essa peça!
(Não pode ser meu futuro?)
-Alinha na face e inicia no vértice
(O João faz 1 ano mês que vem)
-Vem fazer hora extra?
(Só se for na terra!)
Que dia lindo!
-Já fez a peça?
-Tem carro?
-Não, vendi.
-Mas e a mulherada?
-Continuam caminhando, pernas, já ouviu falar?
-Vai ter festa da firma.
(Vão comemorar nossa desgraça?)
-O povo estará lá, aquela mina do R.H.
-Que pena, pra mim não dá.
-Pô, ainda não tá pronta?
-Sim, sim, pode levar.
(o que que eu tô fazendo?)
esse ano tento bolsa.
ainda não paguei o cartão, merda!

Melancolia e solidão
corpo solto no altar monetário
mente longe, cruzando mares
procurando um ideal, mas qual?

A sina do motor-boy...

Luzes no cabelo para
acender o pensamento oco
Para o cavaleiro pós-moderno
Cavalo de aço!

Com o vigor de um herói
desbrava a selva de pedras
em busca de sua princesa
que exitadamente o aguarda
com a coroa nas mãos

Montados e coroados
sobre o alazão motorizado
partem em busca de aventuras
sem muito diálogo, pois,
o reinado bloqueia as palavras

E assim seguem
até a próxima parada, onde,
a princesa descobre-se apaixonada
por um cavalo, mas, de outra marca!

sábado, 14 de junho de 2008

Acto-Fátuo

Fecharam-se as cortinas
nenhum aplauso foi iniciado
Grã-Finale antecedendo a sequência vã
Humano-fobia robótica
fomentando a encenação real
do Cristian-paganismo

Inquisidores hi-tech
sedentos por limpar com sangue
o DNA derramado
sedimentares rochas históricas
transfigurando-se em areia
pela corrente do tempo

Paz, riacho mundano de margens avermelhadas
entope-se freneticamente pelas lágrimas
que feito pedras, rolam dos olhos
que presenciam esse Acto-Fátuo.

Do fálico desejo

Escondo com sorrisos e frases pré moldadas
meu desejo de torná-la, para os meus, morada
Falo consumindo minha sanidade
querendo ser o motivo de sua vaidade

Conservando conceitos racionais
enjaulo a fera habitante de mim
que feito cobra, prestes à se alimentar,
prepara-se para o ballet e o bote
ao ver a escultura que carrega tua alma


E bailando ao som de gracejos
fotografo os detalhes à serem provados
inspiro-me à ser beija-flor, que,
da flor que carregas junto ao caminhar
o néctar quer provar

Lancinantes comparações de beleza
turbilham minha mente toda vez
que sobre ti, repouso meu olhar
mas, tornar-se-ião reais
se em minha cama fosse sonhar?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Espelho quebrado

Sol à pino
Saliva na boca
brilho nos olhos
sorriso na face
o prato está cheio

Manhã nascente
na boca só dentes
no peito um calafrio
dos olhos o brilho sumiu
o estômago está vazio

De um lado família
sorrisos, beleza, alegria
de outro solidão
lágrimas e crença

Pra um o asfalto é raia
por onde demonstra sua carruagem
pro outro o asfalto é cama
tobogã de cacos
por onde escorre sua vida

Imagem e semelhança
adubo pra mente insana
que teima em crer
que ambos são tratados como gente
e tem a mesma esperança...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Surfando versos e ondas sonoras

Completa meus ouvidos carimbando meu passa-porte
para a viagem que está surgindo, e é
onde torno-me passageiro da minha lancinante mente

Como fosse o ar que se inspira antes do mergulho
convida-me a submergir no seu mar de som
Inebriam-me as imagens que observo de olhos fechados
e são formadas pelo pincelar de suas notas e frases

E quando de onda em onda deixa-me em terra firme
como se não quissese mais minha presença
apenas reforça meu desejo e necessidade
de ver outro dia nascer, e preparar-me
para uma próxima viagem
onde perderia novamente os sentidos
e atentaria-me apenas à tua musicalidade...