domingo, 23 de dezembro de 2007

Ótica do meu eu

Toda vez que me sento
e me atento ao que penso
me elevo à um contexto
sem forma ou pretexto

Vejo meu ser tornar-se lápis e papel
uma abelha tornando-se favo de mel
criador ou criatura?
ora escritor, ora escritura

me embriago com minhas idéias
fazendo do papel a mais bela janela
criando molduras para meu quadro viceral
me desprendendo da ética, estética e moral

ouço a sinfonia noturna
festivamente moribunda
sinto cada pulsar em meu peito
como uma pequena nota de um grande concerto

fecho os olhos e me vejo
acomodado, relachado, alienado
me observo, me renego, não entendo
sou eu o meu próprio desfecho?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Manifesto da morte

Para falarmos sobre a morte é preciso compreendermos a vida. A vida pode ser definida em três estágios: o nascimento, o envelhecimento, e a morte. Porém se analisada de um outro modo, podemos dizer que a vida se resume apenas à morte. O primeiro minuto que vivemos de certa maneira, é o mesmo que inicia a contagem regressiva para o nosso fim. O homem é constituido de vários sentimentos, e talvez, o que mais lhe motiva é o medo. O medo de morrer faz com que as pessoas suguem todo o nectar da vida, trasnformando-se em seres quase que irracionais que não controlam seus desejos, e tão pouco seus impulsos.
Tudo o que fazem de errado, todo o sofrimento que causam, pode ser justificado pelo clichê : "pelo menos eu estou vivendo" ou "eu quero viver a vida antes que a morte chegue". Todos estão enganados, a morte já chegou! Ela nos acompanha passo-à-passo, espreitando-se em nossos desejos e ilusões. Acompanha-nos esperando a melhor hora para atacar, espera ter certeza da forma que vai assumir para nos convidar para a última dança.
Contudo é fato que o medo causado pela sua existencia nos perturbe diáriamente, todos à esperam inesperavelmente. Porém creio que não devemos temer tal certeza, encorajemo-nos e façamos com que sua fama deixe de ser tão maléfica quanto parece, dancemos com ela como quem dança com o mais perfeito par. Já estamos acostumados à sua presença, apenas não à olhamos nos olhos. Não escrevo como quem faz apologia ao suicídio, e sim apologia ao viver! Pode parecer loucura à primeira vista, mas já que a morte é certa para todos, façamos com ela o que fazemos de melhor, que é vive-la. Convido todos à mudar a velha frase: "vou viver minha vida" para "vou viver minha vida e minha morte".

Vôo!

Eu sinto falta
sinto sua falta
a falta do que éramos
o teu sorriso, a tua pele

Seu cheiro me faz faltar o ar
sua voz me faz ensurdecer
e tua atenção me faz calar

calei por não saber o que dizer
parei por não saber o que fazer
chorei por não poder sorrir
e sorri para não chorar

queria você de volta
queria a nossa volta

viver já está mais dificil
sentir não é mais preciso
lutar parece impossível

meu amor, minha dama, minha linda
linda moça que habita meus sonhos
pequena mulher que vive no meu pensar
dê-me sua mão para que contigo
possa então voar!

Linha azul

Linha azul, céu cinza, rio negro
Pele lisa, cabelos amarelos, olhos azuis
margem esverdeada e intoxicada

múrmurios no trem entrelaçados à sua voz
o toque do telefone, o toque no cabelo
o bocejo, o sorriso os dentes

o olhar para o horizonte
meu olhar sobre você
minha atenção à ti
Ó moça, qual o teu nome?

o anúncio no vagão
descerá na próxima estação
e eu voltarei a observar o rio de podridão!

Poetas...

Crianças com um jogo de palavras
engenheiros de linhas e estrofes
doutores dos sentimentos
guerreiros que usam letras
ao invés do poderio bélico oferecido

magos trancedentais de idéias e ideais
amantes, sofredores, revolucionários
seres com uma visão além
cirurgiões da alma

Queria eu ter essa capacidade evidênciada
mas o que tenho é a certeza
que há em casa um, um poeta
um poeta escondido
que quer gritar ao mundo

afinal, a vida é composta de
estrofes e versos
conjuminando o futuro!

Latrina

Indiferença, intolerância, indignação
solução, egoísmo, descrença
descrença em si, indiferença à todos

intolerância ao dar, egoísmo ao receber
o pouco que te sobra
a solução pra quem esmola

esmola dinheiro, esmola o pão
esmola a água, esmola a vida
a vida já esquecida, o pão já apodrecido

intolerância para quem rouba
para quem mata, para quem não tem
descaso para quem precisa

minha indignação à todo esse ciclo
à esse lixo, à este cortiço
minha dor, minha lágrima
o meu dedo, o aperto na descarga
e o fim, desta latrina desvairada!

Alvorada

Certa vez o sol disse ao dia
que amarga era a vida
a solidão o entristecia
pois a lua não o queria

e então o dia disse
que era outro que sofria
pois a sua amada noite
com ele não casaria

o sol perdeu o calor
o dia "inegriou"
era a nuvem que chegára
chorando, incontrolada
pelo vento o seu amor

o vento que a guiava
o vento que a tocava
o vento que a deixára
chorando em desamor

mas eis que chega a noite
entristecida, "enviuvada"
pois sabia que pra ela
o sol já não brilhava

trousse contigo a lua
emudecida, envergonhada
que de ver tanta loucura
se tornou então minguada
pois o seu amor ao dia
não veria outra alvorada

ao descobrirem tudo isso
a uma guerra deram inicio
o sol queimára o dia
que pra noite nem olhou
pois a nova lua cheia
com o seu brilho o ofuscou

essa história tomou forma
que por séculos perpetuou
encorajando todo aquele
que já sofreste por amor.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O senhor de todos, o Tempo

Depois de um certo mal estar, percebemos que a vida não acolhe apenas buscas inconstantes pela felicidade. Aprendemos à exercer constantemente a paciência, tudo o que existe demorou para ser formado, não criamos nada da noite para o dia. Então seria loucura imaginar que uma ferida cicatriza em tão pouco tempo. Do sonho pra realidade existe um período que de certa forma aparenta ser um tanto inerte. Este período pode ser proveitoso para alguns e totalmente inútil para outros. O que difere o significado de um para o outro é a postura que adotamos diante a este elemento denominado Tempo. Somente ele viu e viveu de tudo, somente ele controla e não há possibilidade alguma em invertemos essa condição. Sabendo respeita-lo podemos enxergar através de sua transparência tudo aquilo que almejamos e nao compreendemos.
O único "senhor" é este elemente que constantemente, é lembrado, que é esperado, que cura e que fere. Creio que se houvesse alguém capaz de controlar esse unicórnio sem forma, seria tal ser capaz de controlar tudo o que conhecemos, teria todas as respostas possíveis para qualquer pergunta existente.
Contudo como não temos tal dádiva resta-nos aprender com esse rigoroso professor que nos acomanha durante toda nossa vida, e que acompanhará a muitos outros após nosso fim. Somente ele permanece, e somente ele restará ao contrário do que muitos pensam. Não é ele que acaba para nós e sim nós que acabamos para ele.

O canto do cisne

Não há o que negar, todos sabem, todos saberão. Um homem sem ideais não vive, porém, um homem que não domina os mesmos além de deixar de viver, enlouquece e não controla o que diz.
Se de louco o poeta todos temos um pouco, deixo aqui meus preságios de uma vida abandonada, para aqueles que um dia se interessarem a ler estes rabiscos. Deixo aqui para que todos saibam que alguém não suportou seu fardo, abandonou a estrada e se perdeu em meio as suas ideias. Deixou de amar, de acreditar, de sorrir. Amo-te ó vida que na maioria das vezes deixei de ser o ator principal e passai a ser um mero e enlouquecido telespectador...

Não há mau que não se mude, nem doença sem cura?

Estrela guia

O teu brilho me ilumina
minha cede tu sacias
tu me enches de alegria
com teu jeito de menina
me confundes o pensar
com teu jeito de falar
me ignora depois volta
pra juntinho nos amar
me domina quando quer
com teu jeito de mulher
me afaga, me esmaga
minha bruxa, minha fada
me completa e me divide
alisa! depois agride
minha bebê, minha lindinha
sou todo seu sem ironia
és minha amante e minha dama
o que é real e delirante
és minha terra e és meu mar
pra mim o tudo é te amar

Labirinto

Sim! eu escrevo
Sim! eu penso
Penso mais do que escrevo
faço menos do que penso

Sou abstrato, sou calado
sou cego, surdo, "tapado"
Incompreendido sim!
Só eu sei os meus motivos

Não! não quero que me entenda
não quero a tua pena
não quero que me escreva
não quero me leia

Sou estranho, anormal
sim é banal, irracional

Quero que sinta, quero que pense
pense comigo, viva contigo
observe analise, critique
tenha a honra ou até o instinto
Crie! o seu próprio labirinto.

Fast Food

Vocês já perceberam como a vida anda curta? Corre corre, nao há tempo!Comida gelada, sono cortado, congestinamento. Meu Desus não leio meus pensamentos. Não percebemos o que acontece ao nosso redor, tudo é muito rápido, não há tempo pra errar, não há tempo pra pensar. Uma escolha errada e Fim! Como aceitar viver assim? Por que?Caminhando por ruas estreitas, com passos rápidos como se fugisse. Esse é o dia-a-dia de muitos. Multidões aglomeradas em coletivos, coletivos aglomerados em vias congestionadas, mau percebemos a beleza ao lado, mau percebemos o chiclete no sapato. Qual o motivo? Como em uma maratona todos temos hora para chegar, sair, entrar, cuspir. Tudo no seu determinado tempo sem qualquer possibilidade de impresvistos. Não notamos quem mendinga uns trocados, um pão, a vida! Stress, nervos à flor da pele. 24 horas?! Muito pouco, quem sabe 36 seria ideal? Tudo pré-fabricado pois construir demora muito, também já existe os pré-cozidos, estes por sua vez são o alge e apogeu do apressado, 5 minutos no micro-ondas e pronto! Aprecie a sua lasanha totalmente natural.
Pergunto eu: com tantos "prés", quando surgirá a vida pré-fabricada? Barganhe pela oferta de cinco mil reais e tenha a sua, com profissão, casa, comida, diarista!
Seria ótimo não acham? Doenças já remediadas, perdas já previstas, viagens já programadas. Um verdadeiro palm-top humano! Enquanto isso não acontece desfruto do melhor restaurante de comidas a pronta entrega da região, afinal, prepara-las daria um trabalhão!