segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Intrínseco poema.

Eu escrevo minhas angústias
relato passo-a-passo meus desejos
De estudos do universo
à translações poéticas
Tornei infinita minha vivenda.

Com os pés na realidade
tateio o ar à procura dos meus sonhos
lanço ao vento palavras e pensamentos
Me procuro, me acho, me despeço de mim.

Sou corredeira
não me acostumo com mesmíces
Pra alguns sou passado
pra outros esperança.

Carrego o fardo das tristezas que causei
e as lembranças dos sorrisos que ganhei
Imprevisível
Não tento prever mais nada do mundo, nem da vida, nem das pessoas
Das batalhas trago minhas cicatrizes e nenhuma medalha

Já fui amado e já fui amante
Hoje sou o que a vida me tornou
Ora poeta ora escritor
ora ator ora espectador.

Quis mudar de vida
quis mudar o mundo
quis mudar as pessoas
Agora quero apenas seguir meu caminho
e ter a honra de olhar pra traz
pra ver a felicidade daqueles a quem deixei meu sorriso.

E quem sabe assim ser bobo
ser guerreiro, ser plebe
ser músico, mágico e bruxo
de um reino que dispensa coroas
Meu próprio reino, um reino em mim!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Encontros e desencontros, a eterna construção de Zé e Mazé...


Foi numa troca de olhares que tudo começou, a timidez daqueles dois não escondia o desejo de se abraçarem. Sorriam por tudo e fitavam-se tentando disfarçar o recíproco interesse, até que durante a observação de retinas estagnaram-se por alguns segundos, que antecederam tudo o que estava por vir. Tornaram-se íntimos desde então, começaram uma conversa sem era nem bera, ele querendo passar-lhe a imagem de um rapaz sério e culto e ela apenas contendo sua timidez com sorrisos e frases curtas que raramente davam sequência ao assunto. Ele transpirava querendo tocá-la, ela o olhava e rapidamente desviava sua atenção ao chão, nesses longos minutos juntos ele fez júz a sua adolescência, arriscou uma cantada típica de um cara totalmente inesperiente: "E ai será que rola da gente ficá?" ela sem hesitar o respondeu com sua meiguice de menina enquanto balançava a cabeça positivamente: "Ah...Rola!" e assim aconteceu o primeiro beijo de Zé e Mazé, um beijo adocicado e puro que somente aquelas almas puderam sentir. Ele sem querer decidiu que ela seria sua princesa pro resto da vida e ela apenas achou legal ter beijado o tal Zé. Aquele domingo foi abençoado pra ele que na segunda decidiu encontra-la mesmo tendo que passar o dia todo sem comer nada, assim seguiu seus encontros até que no fim da mesma semana a gata lhe mostrou as garras pela primeira vez dizendo que era melhor parar por ali, o pobre Zé ficou desolado mas entendeu o desejo de sua Mazé. O tempo passou Zé decidiu viver, se apaixonou foi trabalhar queria esquecer Mazé e conseguiu até que o destino novamente os colocou no mesmo caminho, Mazé havia encontrado Zé numa lista qualquer e eles que há tempos não se viam decidiram se encontrar novamente. Foi num show de rock nacional em outro domingo à tarde que eles se reviram, mudados pelo tempo ele apresentava uma aparência semi-adulta e ela o ar adolescente de seus 15 anos. Se beijaram e sem ao menos se falar retomaram a velha história desta vez uma que não seria tão fácil de se perder, Zé estava vislumbrado com a beleza e sutileza de Mazé e ela um tanto decepcionada com a aparência do pobre rapaz. Ele decidiu que dessa vez não a perderia e então a batalha foi iniciada, Zé estava decidido a conquistá-la e durante alguns meses fez tudo o que pode pra que o inevitável acontecesse, ele já a amava e dizia que faria com que ela sentisse o mesmo. Foi num 7 de Setembro, dia da independência que o pedido foi feito e eles tornaram-se totalmente dependentes um do outro. Ainda com encontros as escondidas Zé disse pela primeira vez que a amava, Mazé novamente mostrou suas garras dizendo que não era recíproco aquele sentimento e a única coisa que conseguiu foi fazer o coração do seu amante pulsar mais forte impulsionado-o a conquistá-la. Sem saber iam firmando o alicerce de sua relação, a obrigatoriedade da reconquista. E assim foi, o amor pairou na vida de Zé e Mazé os amigos já sabiam dos dois e então decidiram que as famílias também deveriam saber, Zé mais uma vez teve que se provar corajoso pois precisava falar com o pai de sua amada e de todo comentário que ouvia sobre o tal homem nenhum era favorável aquele diálogo que teriam, mas ele foi num misto de coragem e medo e mais uma vez obteve vitória na sua saga ao lado de Mazé, o namoro estava aprovado. A felicidade era visível e contagiante os dois pareciam feitos um pro outro, mas como todo bom Zé e Mazé iniciaram as brigas, várias brigas, os dois orgulhosos e de temperamentos difíceis brigavam por tudo, Zé e Mazé brigavam de manhã pra poderem ficar bem à tarde, ninguém os entendia, mas mesmo assim eram parceiros, amigos e amantes. Dane-se o mundo era o que Zé dizia quando ia pedir desculpar à Mazé, o tempo foi passando e o amor só aumenta as brigas também mas isso eles tiravam de letra, pois quando estavam juntos o mundo parecia parar. Dois anos se passaram até que Zé por não aguentar mais tudo aquilo e por ser casca de ferida decidiu dar um basta na relação, Mazé ficou mal não queria perder o amado mas ele firme e duro disse pra ela viver a sua vida que ele faria o mesmo. Então Mazé fez como dizia Zé e foi ai que ele percebeu que não podia mais ficar sem ela mas era tarde, agora o orgulho pairou sobre Mazé que irredutível dispensou Zé. O tempo passou mais uma vez e durante isso eles se viam, se amavam, se odiavam e se despediam. Um ano depois do fim do namoro Zé e Mazé ainda se amam a distancia, ele sempre vivo matava diariamente a morte que era a perda de seu amor e ela decidiu apenas viver. Nesse conflito ele aprendeu que ela, mais nova, precisa viver o que Zé já viveu em outros tempos, amadurecer. Mas Zé também amadurece com o passar do tempo, e durante essa evolução de ambos Zé que sempre amou viver temeu a vida pela primeira vez, pois descobriu que nessas idas e vindas do louco casal um dia ele e ela podem apenas ir sem jamais voltar, mas ao mesmo tempo pensa que isso é só mais um capítulo na vida que ele e Mazé construíram juntos, uma vida de amor, ódio, sorrisos, prantos e fé que só habita nos corações de Zé e Mazé.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Nem inocente, nem culpado.

Antes o quintal era meu mundo
hoje o mundo é meu quintal
Antes as mulheres eram inimigas
hoje ainda desconhecidas são companheiras indispensáveis
Antes os amigos moravam nas casas ao lado
hoje moram em outros bairros
Antes íamos no bar comprar balas e doces
hoje jogar sinuca, comprar cerveja e amendoim
Antes água com açúcar pra acalmar
hoje nicotina e destilados
Antes o sonho era ser adulto
hoje é continuar sonhando
Antes jogar bola e vídeo-game era o atrativo
hoje tocar violão e contar causos com os amigos
Antes a esquina era o limite
hoje nem sei se isso existe
Antes a dor vinha acompanhada de roxões e arranhões
hoje ela vem com palavras situações
Antes a única preocupação era brincar
hoje é cumprir as metas estabelecidas
Nessas mudanças perdi minha inocência
mas jamais me tornei culpado
pois os olhos de menino no corpo de homem
ainda vislumbram apaixonados os mergulhos da pipa
causados pelas mãos calejadas de um simples operário.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

MusicalMente

Minha vida
um milhão de video-clipes
um musical sem fim
um samba pra alegrar
um rock pra agitar
maracatu pra gastar as energias
mpb pra refletir
bregas pra sorrir
baladas para amar

A verdade é que estou sempre dançando
mesmo sem querer tenho que rebolar

Músicas pra fugir do mundo
pra acordar
pra dormir
pra acabar com a ira
as vezes nem sei cantar
e ai canto pra relembrar outras canções
um passarinho poliglota e desafinado.
Coração cifrado,
jamais com cifrão.

Músicas pra curtir a nostalgia
pra curtir a fossa
pra parar de pensar
Já fui do Pagode ao Trash-metal
mas hoje me distraio com um bom Punk
uma sequência em Fá diminuto,
Ré, Lá Sustenido e Mi maior
que simbolizada pra que eu a toque
pode ser representada com um grande FºDA#E!

sábado, 29 de novembro de 2008

Só isso...

Da tua boca quero o fel
pra quando beija-la reapreciar o gosto do mel
quero no teu olhar sentir a ira
que é pra quando sorrirmos
fazer brilhar em tua retina nossa alegria
o nosso amor quero que seja brasa
pra que o carvão de nossos corpos reacenda constantemente a chama
quero-te fada e bruxa
ser teu norte e você minha bússola
quero que nessa peleja entre o céu e o inferno
tenhamos motivos pra sempre encontrarmos uma pontinha de paraíso
quero que sinta duvida
que é pra reconquistá-la diariamente
quero que repare na beleza de outros
pra que tenha certeza de que o que te agrada está em mim
quero que nossa ilusão insista sem resistir
pra que a realidade possa ser vista
quero contigo entoar canções no mesmo tom
quero que seja meu e teu nossos corações
quero do teu lado temer
pra que na chegada de cada manhã
ver-te acordar e consolidar a certeza de que fomos felizes
quero que o sol nos queime
pra poder ser tua e você a minha noite iluarada
quando necessário ser teu guerreiro
quando não, ser teu cúpido
flechando-te com gestos e palavras ao pé do ouvido
quero-te forte e frágil
quero-te meiga e má
porque se um dia nossa relação se findar
terei a certeza de que foi verdadeira.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Lunestro

Nessa noite lancinante
acalente meus sonhos
em tua alvura manta,
capture meu sono
com teu engodo reluzente.

Cândida menina,
sorri e ironiza
minha inercia de fim do dia.

Amo-te castamente
semente dos tempos.
Imaculada Lua,
senhora dos sentimentos.

Noite à dentro,
és livre desse mundo de horrores,
mas prefere luzir à terra
guiando sonhadores.

Eu diante à ti,
difuso em fim.
Uivando versos
por um minuto,
universo.

És então meu satélite
cintilando o estro e o resto
que pulsa em minha veia
quando o crepúsculo de cetim
anúncia que vinde à mim
intimidando-me à dormir.

sábado, 18 de outubro de 2008

Perdeu, perdeu, perdeu...

Quarta-feira cerca de 00:35 Hrs,a noite de primavera estava sendo aquecida pelo típico calor de verão. A cidade que raramente dorme fazia júz a esse comentário, menos no bairro onde moro. Piraporinha, zona sul de São Paulo. O silencio gritante daquela noite era de uma calmaria tão grande quanto assustador. A rua que normalmente serve de ligação entre duas enormes avenidas estava quase que desabitada, alguns cachorros latindo, apenas algumas motos ou carros passando em grandes intervalos de tempo.
Estava eu sentado em minha cama tomando um suco afim de me refrescar e quem sabe conseguir finalmente dormir. Mesmo não estando acostumado me sentia bem com aquela moribunda noite, conseguia até sorrir aliviado. Achei que o movimento do tráfico estava suspenso, que finalmente as pessoas compreenderam a necessidade que os outros tinham em dormir de madrugada, ainda mais se tratando de uma madrugada "útil" assim como os "dias úteis" que as pessoas se acabam de tanto trabalhar. Estava tudo muito bem, já começava a bocechar, minhas pernas já se esticavam, o corpo ficando leve, a mente já trabalhando em menor velocidade, os olhos pesando o ouvido muito mais aguçado. E foi justamente nesse momento que meus ouvidos me disseram: "Ledo engano o seu, há vivos na rua e eles não precisam dormir agora". Foi numa mistura de vozes e passos que eles descobriram isso, comecei a me atentar à situação, afinal, o mundo parecia ter se calado. Vozes que eu não conseguia identificar, muito menos entender o que diziam iam se alterando conforme os passos se aceleravam. A calmaria da noite tivéra sido interrompida, comecei a me preocupar e agora já não havia mais maracujá que me fizesse dormir. Fui até o quintal tentar entender melhor o que era dito, com muito medo abri a porta, ainda não sabia se os "trabalhadores" da biqueira que tem do outro lado estavam envolvidos e se aquilo não era um possível acerto de contas. Desci cada degrau da escadinha que vai até a garagem segurando na parede ao mesmo tempo que meus ombros a alisavam. Fui passo-a-passo me aproximando do portão, a exaltação da rua já invadia o meu controle emocional, um frio na barriga veio refrescar o calor que me castigava. O portão com suas grades foi ficando cada vez mais próximo, ergui um olhar sobre a muretinha que divide a garagem do quintal, me aproximei do carro e foi quando ouvi um enorme estrondo no portão da vizinha "Pláuu". Me abaixei por tráz do carro já sem saber o que fazer ou pra onde ir, pensei em voltar pro meu quarto quando ouvi o segundo estrondo, agora mais forte ainda. O zum-zum-zum resumiu-se à uma única voz que dizia num tom extremamente agressivo: "Perdeu, perdeu, perdeu...". Comecei a me apavorar, mas a curiosidade em saber o que estava acontecendo era bem maior, comecei a me rastejar na lateral do carro como se fosse Stallone num dos filmes do Rambo. Pronto, consegui chegar a trincheira, olhei feito águia o que acontecia, mas a noite estava escura, os postes com as lâmpadas queimadas não me ajudavam a ver com nitidez o que acontecia. As vozes ficaram mais próximas e foi quando vi dois garotos sem camisa, um deles portava algo nas mãos que não identifiquei, estavam totalmente fora de si, pulando, girando e gritando: "Ai fí cêis já era! Perdeu, perdeu mano". Me apavorei, mas percebi que o garoto portava algo redondo e talvez pesado, pois ele segurava com as duas mãos e com um enorme cuidado. Comecei a ficar com mais medo ainda, minha mente despejou uma enorme quantidade de informações sobre o que seria o tal objeto, mas parou, parou quando pensei em uma bomba. Percebi que meu medo já estava fora de controle, porque, onde já se viu alguém segurar uma bomba redonda a não ser num dos desenhos do pica-pau? Mas o que era aquele objeto? do que se tratava? A curiosidade aumentava, fui até as grades e quando toquei em uma delas o susto foi maior ainda. Um grito partiu de um dos garotos e foi quando percebi que aquilo era um confronto: "Vai mano, já era jão 2 x 0... saí fora que vai entra o próximo! Perdeu, perdeu, perdeu"... Era tudo um confronto entre garotos, era apenas futebol de rua!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Livres lábios meus...

Meus Lábios
tão bohemios quanto eu,
amantes...

Meus lábios
com desejos todos seus,
entusiastas...

Meus lábios
em contato aos lábios teus,
calor...

Meus lábios
vislumbrando um sorriso teu,
desejo...

Meus lábios
e a saliva doce tua,
um beijo...

Meus lábios
e sua linda pele crua,
poesia...

Meus lábios
e nossa frígida distância,
agonia...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

E é estória?

Ir à um bar, só beber ou fumar? Não, as coisas vão além, unir-se à amigos, afilhados, compadre. Brindar à vida numa mesa de plástico, um privilégio para poucos. Noite fria que fazia, mas quem o frio pensa que é? Ledo engano querer nos separar com baixas temperaturas, somos quentes por natureza.
A poesia pairou no ar e nos corações mais dilacerados, uma mistura de fantasia e auto-controle forjado que não passou despercebido aos olhos mais atentos.
Estavam quase todos lá, se fossemos nos juntar pra falar nossos causos acabaríamos com o estoque de bebida do seu Zé, mas estavam lá. Com sorrisos, com desejos, com saudades. Saudade, tá ai uma velha companheira! Poderia lançar um livro com nossas histórias, fico imaginando os títulos: "Reveillon 2008, A...e a Saudade" ou então "Loucas Aventuras de A... e a saudade na selva de pedra".
Verdade, sofro diariamente de um mal chamado saudade. Sempre acho que falta algo ou alguém, mas ela nunca falta, até naquilo que está sendo escrito ela mantém-se presente.
Estamos diariamente reescrevendo nossos causos, vivendo novas coisas, mas ao meu lado sempre ela, e é muito louco sentir sua companhia, isso me excita de uma forma estranha, mas muito boa. É saber que coisas que foram feitas são de uma extrema importância, momentos vividos que jamais se apagarão, músicas cantaroladas, compartilhar a expectativa do primeiro filho de um amigo, ver seu primeiro afilhado chegar ao mundo. Sensações essas que não voltam, mas, se modificam e são sempre muito boas de sentir.
E a saudade das pessoas que estavam ali até um minuto atrás e agora se foram. Dividir diariamente experiências e de repente se ver só, uma mistura de tristeza e alegria assustadora. Claro que as pessoas jamais ficariam conosco uma vida inteira sem seguir um outro rumo em algum momento, mas isso é a grande brisa da vida. É foda deixar alguém partir, mas também é muito gratificante saber que as pessoas ainda buscam novos horizontes, é a reciclagem fundamental. Mas quando essa saudade é marcada pela morte, algo inesperado, doloroso? Ai vem a saudade com seu jeitinho faceiro e nos lembra de coisas lindas vividas, preenche uma parte do espaço deixado por essa pessoas.
Putz! Tá frio pra porra, já é madrugada e eu estou aqui sentindo saudade dela, ou sentindo saudade de sentir saudade dela? Caralho isso que dá mistura destilados, poesia e falta de assunto noturno. Bem, mas a verdade é que pensei nela, desde que acordei. Coisa pôca!
Pois é, a saudade vai bater no teto, a primeira primavera já esta fechando o ciclo, o jardim ferve voluptuoso e as flores unem-se apaixonadamente, mas isso, isso é uma outra estória.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Poeta.

Um olhar
fixo, vazio e cego.
Tudo olha,
nada vê.

A chorosa manhã
que divide sua dor
banha o chão
com ácido, beleza e torpor.

O Poeta está descrente
nem sua prosa presa
lhe parece verdadeira.

Pororóca de pensamentos
na panela de pressão do corpo.

A cabeça...
Vai explodir!

Sim!
Big-Bang versado,
corroendo os laços
encefalicos do homem.

Ressaca de letras
imagens e amores.
Vai fluir...
Vai lavar...

Pobre poeta
pincela como louco
vírgulas, acentos e pontos.
Quer exaurir-se pela ponta da caneta
e rebuscar novas verdades
vontades, dizeres e pensamentos.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Calma minha

Hoje eu tive paz
traguei-a lentamente.

Como se não tivesse mais forças,
meu corpo relaxou-se
meus olhos se fecharam
e minha boca contorceu
num sorriso aliviado.

Achei que fosse o fim.

Acompanhado de mim mesmo
ouvi em meio ao silêncio gritante
minha ritmada respiração.

E num atento olhar pra dentro
fluindo como cachoeira
com sua queda para cima
me descobri um lago calmo
inundado só de mim!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Recomeço.

Estou cego, não a vejo mais.
Estou surdo, sua voz se perde junto ao ar.

De tanto tentar me provar,
não à tento mais.

De tanto querer ser feliz
não o quero mais.

Na nostalgia cifrada,
descubro que essa vida já é passado.

Nos cacos do espelho,
reaprendo a me identificar.

As nuvens escuras do pensar,
brisas e alvoradas se encarregaram de limpar.

Tudo é real,
tudo é vivo e mortal.

Na caixinha das lembranças,
será sempre eternizado!

Mas quando a nova vida raiar,
outras melodias serão ouvidas.

O recomeço terá inicio,
à mim, em paz, vou coroar.

E o passado, que antes era vício
apenas um ornamento vivo então será...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Devaneio...


Seguir viajem: é o que Gessinger me diz. Sim é necessário, loucura ou não.Passo à passo no limite de minha negação, vou nessa estrada ainda sem saber o porquê, talvez pelo fato de não poder voltar continuo obscuro e abstracto sob a margem insossa dessa epopeia a qual queremos dar um sentido e significado.
É fato que o ser humano tenta ter poder sobre tudo, mas também é irónico saber que mesmo com esse desejo nós ainda somos marionetas do destino, muitas vezes colocados em caminhos sem bifurcações e mesmo assim teimando ser donos do nosso futuro, caminhos esses de mão única. Também é fato que nessa estrada aparecerá uma bifurcação em algum momento, mas até esse ponto só nos resta seguir, seguir viajem sem saber ou conhecer o que virá, apenas seguir e quem sabe no V da vida escolher o caminho mais correto e menos sofrido, se é que existe!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Beijo e Veneno

Unido à ti pelos meus lábios teus
sinto tua alma transpassar nossas bocas,
sinto meu peito pulsar com o teu.
Embebedo-me loucamente
com essas aérea poesia
e na hora de ir embora,
sorridentemente,
despeja as palavras envenenadas
querendo me libertar de ti
sem saber que EU+VOCÊ=MIM!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A praça é nossa!

Bem aventurados esses homens
que vislumbram a infinidade
posta no solo de uma praça qualquer.
Iluminados naturalmente por si
e pelo brilho da eterna companheira noturna,
a intocável Lua.
Bem aventurados esses homens
que brilham longe de holofotes.
Banhados em destilados
carburando a vida no papel
Benditos esses
que querendo se excluem "daqueles".
e silenciam a cidade
deixando suas notas e poesia à vontade.
Benditos esses urbanóides
que entre carros e prédios
atentam-se à beleza pura
de uma semente super-nutrida
e com a sapiência de um ancião
colhem dela frutos, sombra e vida!
Benditos esses eternos caipiras-urbanizados
que reinventam Carlos Alberto de Nóbrega
e têm a honra e prazer em dizer:
A Praça REALMENTE é nossa!

Dedico a 2 poetas, músicos e companheiros: Daniel Casa velha (Dani) e Daniel D.Deus (Dandetti)

domingo, 31 de agosto de 2008

Ditos à Éolo.

Leve vento,
leva esses lamentos
esses pensamentos
Leva vento, Leve...

Leve vento,
tu que és tão livre
entre o céu e a terra,
aceite o peso dessa reza.

Leve vento, leva
pelos cantos do mundo
as poucas palavras
de um sábio vagabundo.

Leve, vento leva
pois eu sempre enraizado
não darei nenhum passo.
Leve vento maroto...

Leve vento
pois na volta do mundo
eu me reinvento e vôo ao teu lado,
como Ícaro ou como pássaro.

domingo, 24 de agosto de 2008

Deusa errante

Nessas nocivas trilhas
nesses incertos passos.
Nesses tenebrosos vocábulos
raramente digeridos.

Nesse conflito,
escudo e espada mantém-se unidos.
Uma flor, seu espinho
uma pétala à chorar.

Nessas idas e vindas
nesses versos e cifras.
Abaixo do céu
e do chão fica acima.

Nesses montes
nesses lagos.
Nessa pedra
nessa fresta.

Baila mulher!
Me convida pra festa,
me indica aquela
que é nossa reta.

Inúmeros nesses
em que vejo você.
Minha menina dos olhos
Nisso, eu posso crer!

Vai minha Deusa-Íris
acalma essa tormenta.
Junte chuva e sol
e me sorria com esse arco.
Íris...

Amada Íris...
Me carregue sobre os montes
me deite em tuas brumas
só não me perca no horizonte
Óh Íris Deusa errante...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Derradeiro Prelúdio

Aprumado no desnível da minha existência foi que me fiz pensador,
me fazendo pensador me tornei pessoa
me tornando pessoa foi que me vi como bicho...
um bicho chamado ser-humano de codinome André
comandante de suas tropas, que vão da cabeça ao dedão do pé.
Um rabisco mau feito consumido de prazer me deu a vida,
foi a junção de raças que formou minha carapaça.
Essa que carrega minh'alma
que pede descanço, que pede carinho, que também pede vinho!
É esse prazer que comanda o grito impulsionado pelos meus pulmões
cortando minha garganta feito foice no matagal
esse grito que resvala nos dentes e entorta a lingua
é a fala do animal redizendo o que é ou não real...
E eu? Eu sou real, humano-animal
fazendo o que acha certo, enfrentando o que deve
sem levantar bandeiras, apenas entoando canções.
Enfrento Deus e o Diabo, pois é entre o céu e a terra
que sofro e sou feliz...
Lavo as tristezas com as lagrimas que descem feito cachoeira em minha face
e ilumino com meu sorriso, tal a lua sobre a serra, tudo aquilo que me alegra
E nesse frenético-fuso, friso:
-Se perder dentro de si, é o único caminho pra encontrar o que realmente te faz feliz!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Re-Tocando Raul...

Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só
mas sonho que se sonha junto é re-a-li-da-de
Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só
mas sonho que se vive junto é so-no-ri-da-de...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Infância roubada


Ferro e concreto separam desejo e realidade
a vida acorrentada ao relógio
determina até o horário de ir ao banheiro
em certa hora da noite, só lhe resta o travesseiro.

O sol cortado pelas grades
não ofusca o brilho nos olhos do menino
as mãos seguram com firmeza cada barra
esperando contar as pedras perdidas na calçada

Na rua outros cantam, correm, gritam
e ali, o aliado da tristeza apelas olha.
Imagina que um dia seu mundo será tão grande
quanto à distancia até a esquina.

Vendo os carros passarem
se pergunta por quê foi condenado?
Por quê não nasceu como pássaro?
Por quê? Por quê? Por quê...
Por quê estava ali enjaulado?
Sendo que único mau foi ter nascido urbanizado.

Isso mesmo, enquanto uns batem no peito
com orgulho de serem acinzentados
outros, com olhos lunares se tornam sedentários
engolindo o desejo enigmático de fazer o asfalto
sentir o calor de seus livres pés descalços...

domingo, 27 de julho de 2008

Pira Bucólica

De andança solitária no deserto noturno, desbravei trilhas outrora roniteiras. O silêncioso sereno da madrugada abraçava a felicidade que fluia de mim tal qual Cavaleiro no seio de sua Amada. Tivéra sido uma noite regada à cerveja barata e pinga de má qualidade, mas que causaria inveja aos seguidores de Baco, se acaso pudessem nos ver. A contagiante alegria era visível, as bocas entoavam erroneamente frases que íam de Demônios da Garoa à King Diamond. Na varanda sorriam aqueles que relembravam aventuras passadas, e o que era pra ser uma nostalgia infindável, surpreendeu à todos tornando-se uma singela frase daquela página que sem saber íamos preenchendo. Logo alí, no fim da rua onde moro, vi a Lua com seu sorriso de menina completar minha ventura, fazendo de mim morada de sua plenitude. Foi onde tudo começou, que eu na sanidade de minha maluquez, feito fênix renasci como PiraBucólico que sempre fui...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Meu coração

meu coração é um cortiço
abriga à todos
branco, preto,
amarelo, vermelho

meu coração é um cortiço
cheio de bagunça
cheio de crenças
alegria, tristeza

meu coração não difere
é sempre acolhedor
bate em meu peito
tal brasileiro que sou

meu coração,
cortiço por vocação
guarda risadas e prantos
e mesmo cheio sempre abre
espaço pra mais um

meu coração, de criança à ansião
inveja os olhos quistos...
mas não foi feito pra curtição
por isso, logo aviso
mantenha distância,
se acaso não for bem vindo

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Na contra mão

Nada faz sentido
corrida sem circuito
músico sem ouvidos
Dom Quixote sem moinho

Nada faz sentido
cruz sem Jesus Cristo
dor sem grito
rota sem navio
pólvora sem pavio

Nada faz sentido
maratona anti-vida
garrafa vazia
despedida sem partida
futebol sem torcida

Nada faz sentido
Sexo sem tesão
namoro sem paixão
sangue sem coração
carro sem combustão

Nada faz sentido
sorriso sem alegria
choro sem pranto
passarinho sem canto
virado sem farinha

Nada, mas nada faz sentido
nada fez sentido
nada fará sentido
até que se faça o instinto
e os sentidos se desfaçam

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Efémero paradoxo

E é quando me procuro
que me perco diante à ti
resquícios de um alegre passado
que hoje não me faz sorrir

Grandiosos dizeres e juras
emudecidos pelos elos partidos
desconhecido Eu que se mantém
diante à você, esse você que eu não criei

Domina-me livrando-me de
me prender à algo ou alguém
Dia-a-dia dividindo meus sentimentos
sem o intuito de compreende-los

Esse Eu-Você que foi criado
que me intriga, que me enlouquece
Esse Você-Eu, que não some
mesmo quando quebro o espelho

És parte de mim
esse Eu que não sai de ti
mas o que queres?
Minha vida ou meu fim?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Diário de um idiota!

Para 1 dia a menos lá vou eu! Sentado na poltrona do busão despeço-me dos meus desejos e críticas. Escrevo intensamente milhares de coisas, que de fato, não mudam muito, a não ser o excesso que me consome. Chegando na labuta começo a viajar no modo como me comunico com as pessoas e vice-versa. Não que seja por maldade, mas é meu jeitinho de lidar com certas ocasiões. E por falar nisso, chega de pensar agora é hora de trabalhar!

Passo o cartão
e começo a contagem regressiva
Cumprimentos superficiais
todo mundo finge ser legal

-Máquina parada!
(minha vida também)
Lá fora o sol brilha
aqui fluorescentes contra a escuridão

-Silêncio, o dono está ai!
(Dono da empresa, ou meu?)
Alguém quer engenharia
Eu? Prefiro sociologia

Me coloquei à venda
não sei se à prazo ou à vista
-Velho a gente precisa morar junto
-No campo limpo ou taboão?

-Programa essa peça!
(Não pode ser meu futuro?)
-Alinha na face e inicia no vértice
(O João faz 1 ano mês que vem)
-Vem fazer hora extra?
(Só se for na terra!)
Que dia lindo!
-Já fez a peça?
-Tem carro?
-Não, vendi.
-Mas e a mulherada?
-Continuam caminhando, pernas, já ouviu falar?
-Vai ter festa da firma.
(Vão comemorar nossa desgraça?)
-O povo estará lá, aquela mina do R.H.
-Que pena, pra mim não dá.
-Pô, ainda não tá pronta?
-Sim, sim, pode levar.
(o que que eu tô fazendo?)
esse ano tento bolsa.
ainda não paguei o cartão, merda!

Melancolia e solidão
corpo solto no altar monetário
mente longe, cruzando mares
procurando um ideal, mas qual?

A sina do motor-boy...

Luzes no cabelo para
acender o pensamento oco
Para o cavaleiro pós-moderno
Cavalo de aço!

Com o vigor de um herói
desbrava a selva de pedras
em busca de sua princesa
que exitadamente o aguarda
com a coroa nas mãos

Montados e coroados
sobre o alazão motorizado
partem em busca de aventuras
sem muito diálogo, pois,
o reinado bloqueia as palavras

E assim seguem
até a próxima parada, onde,
a princesa descobre-se apaixonada
por um cavalo, mas, de outra marca!

sábado, 14 de junho de 2008

Acto-Fátuo

Fecharam-se as cortinas
nenhum aplauso foi iniciado
Grã-Finale antecedendo a sequência vã
Humano-fobia robótica
fomentando a encenação real
do Cristian-paganismo

Inquisidores hi-tech
sedentos por limpar com sangue
o DNA derramado
sedimentares rochas históricas
transfigurando-se em areia
pela corrente do tempo

Paz, riacho mundano de margens avermelhadas
entope-se freneticamente pelas lágrimas
que feito pedras, rolam dos olhos
que presenciam esse Acto-Fátuo.

Do fálico desejo

Escondo com sorrisos e frases pré moldadas
meu desejo de torná-la, para os meus, morada
Falo consumindo minha sanidade
querendo ser o motivo de sua vaidade

Conservando conceitos racionais
enjaulo a fera habitante de mim
que feito cobra, prestes à se alimentar,
prepara-se para o ballet e o bote
ao ver a escultura que carrega tua alma


E bailando ao som de gracejos
fotografo os detalhes à serem provados
inspiro-me à ser beija-flor, que,
da flor que carregas junto ao caminhar
o néctar quer provar

Lancinantes comparações de beleza
turbilham minha mente toda vez
que sobre ti, repouso meu olhar
mas, tornar-se-ião reais
se em minha cama fosse sonhar?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Espelho quebrado

Sol à pino
Saliva na boca
brilho nos olhos
sorriso na face
o prato está cheio

Manhã nascente
na boca só dentes
no peito um calafrio
dos olhos o brilho sumiu
o estômago está vazio

De um lado família
sorrisos, beleza, alegria
de outro solidão
lágrimas e crença

Pra um o asfalto é raia
por onde demonstra sua carruagem
pro outro o asfalto é cama
tobogã de cacos
por onde escorre sua vida

Imagem e semelhança
adubo pra mente insana
que teima em crer
que ambos são tratados como gente
e tem a mesma esperança...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Surfando versos e ondas sonoras

Completa meus ouvidos carimbando meu passa-porte
para a viagem que está surgindo, e é
onde torno-me passageiro da minha lancinante mente

Como fosse o ar que se inspira antes do mergulho
convida-me a submergir no seu mar de som
Inebriam-me as imagens que observo de olhos fechados
e são formadas pelo pincelar de suas notas e frases

E quando de onda em onda deixa-me em terra firme
como se não quissese mais minha presença
apenas reforça meu desejo e necessidade
de ver outro dia nascer, e preparar-me
para uma próxima viagem
onde perderia novamente os sentidos
e atentaria-me apenas à tua musicalidade...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Fragmentos da MPB

Caminhando e cantando e seguindo a canção
somos todos iguais, tão desiguais
uns mais iguais que os outros
Náu à deriva, no asfalto ou em alto mar
com tantos caminhos na vida
e pouquíssima esperança no ar

Somos Kamikazes latino-americanos
incapazes de ir à luta
que também sabem se lamentar!
Sei, não é nossa culpa,
nascemos já com a benção
nesse país onde a bola só é dividida
com que é jogador

No video idiotice intergalática
no lixo dos quintais, na mesa do café
no amor dos carnavais, na mão e no pé
dentro do carro sobre o trevo
a violencia travestida faz seu trottoir

não cantamos vitória muito cedo
nem levamos flores à cova do inimigo
sentado no trono de um apartamento
com a boca escancarada, esperando a morte chegar
acendo uma vela pra Freud-Flinstone
pois nossa esperança de jovens não aconteceu

E em dúvida de como diria Dylan
ou o comentário à respeito de John
tive a Paranóia de ser Egoísta
e pra não dizer que não falei das flores
Lembro que não to aqui querendo
provar nada, nem tenho nada pra provar também

mesmo sentado na praça dando milho aos pombos
e repensando se quem nasce Zé não morre Jhonny
tive um sonho de sonhador, e maluco que sou sonhei!
tive medo quando acordei, mas tudo faz sentido
agora que tudo acabou
então avise o navegador e o moço do disco voador
que uma nova mudança, em breve vai acontecer!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Nasce em mim um poeta

Fez-se mar as pequenas
gotas de orvalho do meu pensar
como um naufrago deixei sua corrente,
não sei pra onde, me levar

Me-fiz preza da minha própria
teia de pensamentos
alegres, tristes, atentos...

Masturbei minha agônia
esquecendo de que em mim
ainda havia vida

Sem qualquer subterfúgio
pra minha fuga interna
ousei perpetuar meu
próprio e mental abuso

Caminhei por longínquas léguas
à espera de uma solução,
à procura da luz
onde pra mim, só havia escuridão

Embora algumas respostas
tenha adiquirido
não cabe a mim deixa-las aqui,
neste texto tão espremido

Cabe a mim, apenas
deixar em proza e rima
as tormentas pelas quais passei
e novamente abraçar a vida...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Universo em translação

Não é possivel prever ou imaginar
por quais mudanças iremos passar
num primeiro estágio de tais mutações
a nós, torna-se impossível aceitar

Sentimos medo do desconhecido
do que ainda não foi vivido
como se isso não fosse
puro e humano instinto!

Aceitar nossas mudanças
é trançar nossa própria constelação
que nunca se mostra imutável, de onde,
uma única estrela brilha em nosso chão

Chão do contorno pessoal
do desejo, da espectativa, da moral
Brilha em nosso chão ofuscando outros
motivos e contornos agora vãos

E é isso que somos,
uma enorme constelação
em um universo em translação
tão metamórfico quanto nosso chão

E se o próprio universo se modifica
porque tornaríamos estatícas nossas vidas?
É abraçando nossa metamorfose ambulante
que nos tornaremos livres, felizes, amantes

Livres pra dizer hoje NÃO!
Felizes por termos opção
e amantes de tudo aquilo
que surge sem a menor pretenção!

domingo, 27 de abril de 2008

De virada!

No supra-sumo do convivio humano
vagueio em pensamentos vãos
de repente tenho um lapso
de paranóia e exitação

Com a adrenalina de quem
se aventura num vôo de asa-delta
ou pula de pára-quedas
me proponho à vir embora

E num instante
sinto um frio na barriga
que não era de paixão ou euforia
era medo, medo da multidão
medo de gente, assim como eu

Desejei intensamente a solidão
do meu quarto do que
aquelas ruas onde era impossivel
dar alguns passos

E assim foi, de virada
deixei de ouvir gargalhadas
e parti para meu forte
que as vezes chamo de casa

Deixei de ser mais um na multidão
e passei a ser o único
em meio as paredes
da minha alucinação!

Mulher

Mulher, pedaço do azul anil
outrora nos trazendo alegrias mil
loira, mulata de maio á abril

Do seu peito, nos dá a mais bela alegria
Mulher, sem adjetivos ou subjetivos
Mulher, movimenta e enlouquece
embriaga e entristece

Amamenta e acalenta
Da a luz e o afeto
Mulher completa por si só

Mas que com certeza
cobra a nossa voz
a dizer que sem você
reduziríamos à homem
ou seria ao Pó?

Há muito...

Há muito desisti de insistir
de resistir ao que tende a vir
de engolir o choro pra poder sorrir

Há muito regorgito minha vã-filosofia
depois vomito nas paredes do meu quarto
que quase sempre são caladas e frias

Há muito não temo mais a lucidez
tão pouco inflamo minha maluquez
já não temo mais a morte
também não conto com a sorte

Há muito que quero sentir
toda a dor, todo calor, todo o sabor
quero caminhar descalço, sentir o asfalto
aposentar as chuteiras, não mais marcar

Há muito, com crase, sem H
com acento, minúsculo ou maiúsculo
Há muito me perdi quando
derepente, de te procurar desisti!

Sempre e hoje!

Hoje vou andar descalço
sentir as folhas secas sucumbirem
aos meus firmes passos
Vou pular corda sobre a linha do equador
imaginar figuaras nas nuvens do céu redentor

Vou rodar pião em meio as marginais
pular amarelinha sem querer chegar ao céu

Vou contar estrelas
ouvir contos de terror
jogar futebol na rua
andar de rolemã

Vou empinar pipa
jogar bolinha de gude
comer jujuba
tomar banho de chuva

Vou fazer tudo o que quero
sem medo ou vergonha
vou dançar ciranda
só pra relembrar a alegria
de que um dia já foi criança!

Veja margarida...

Bem me quer, mau me quer...
Bem, mau...Quem quizer?

Veja margarida quantas voltas da essa vida
como podes, deixar seu habitat
e vim para as minhas mãos
ouvir pessoais agonias?

Como podes aceitar que eu, mero humano
te ampute com meu futil pranto?

Maragarida, flor da tristeza
ou seria da alegria?
Porque permites que te use
em minha destada sangria?

Saibas que meus ansceios
não se resumem apenas em
quer-me bem ou mau

Saibas ó branco e amarelo
num formato intenso
que meu único desejo

É que me deixes com a dúvida
daquela alguém que ainda
não sei se me queria

e salte da minha mão
pra juntar tua beleza
com a vida de outra bela senhorita!

de filho pra pai

Existem pessoas que ao partirem
deixam gravadas em nossas retinas
imagens de uma vida tão breve quanto um suspiro
Partem sem avisar, sem pensar
não nos permitem uma despedida ensenar

De todos esses aventureiros
que partem pra uma próxima cruzada
sempre há um em especial
aquele que retem o abraço fundamental

Não tive muitas oportunidades de te falar
nunca o conheci completamente
não pude com conciência lhe amar

De uma hora pra outra acordei
e não havia mais o fusca amarelo
as idas ao sitio, os passeios de barco
não havia mais as costa de onde
brotavam inúmeros cravos

Corri o quintal procurando
vestígios da sua oficina,
do seu modo de vida
da figura paterna que eu conhecia

Durante os anos seguintes
procurava algo que lembrasse você
segui seus passos até onde pude
em busca da sua essência, transfigurei meu ser

Mas nada, não havia mais sua mão
a me erguer quando eu caia!

Hoje folheio livros que sua mente
já tivéra absorvido
imagino se é com a mesma destreza e emoção
Guardo a imagem de um sorriso amarelo
escondido em meio à fios avermelhados
O canto do olhar, já envelhecido
pelos sofridos dias vividos

E é com essa dor que peço lincença
pra não te ter mais como guia
regitro nessas fiéis linhas
lavadas com lágrimas realmente sofridas
meu desejo de não ser sua imagem cuspida no espelho
pois tal pai, como tal filho
sabem bem como escolher seu caminho

E se hoje, entre brumas
puder ler este texto
saiba que deixei de ser herdeiro
pra construir meu próprio reino.


para Antônio José Pereira, onde estiver...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Jardim da mais-valia

No subsolo caótico foi colocada a semente de uma árvore,a árvore da Pseudo-vida. Suas raízes de alimentam do chorume gerado por nossas ações! Tal planta nos oferece o fruto da alienação, que intorpece e indifere realidade e ficção.Aconchegar-se em sua pútrida sombra se tornou um ato tão humanizado, que esquecemos da fotossíntese mantenedora de nossos corpos, outrora vivos e agora sedentários. Por entre seus galhos percorrem insetos, que de veras, aceitam serem celados e guiados do que simplismente olhar ao lado.
Sim, respiramos somente o perfume exalado por suas folhas cinzas e bebemos da seiva que escorre pelas cavidades anais de seu tronco e depois de digitalizarmos toda as informações de um dia a menos de vida tentamos relaxar, olhar a lua, as estrelas
porém só tentamos...Sua polpa esconde tudo aquilo que é superior á ela, então viramos de lado esperando que um singelo, mas saudoso jardineiro, pode tal Erva-daninha pra que assim nossos póros sintam toda a magia do real e maravilhoso Dia!

ser livre...

...é poder se prender aquilo que deseja.

Libitum Vitae

Um Verme repousa seu frígido tato
sobre a epiderme conturbada da vida
com seu ácido paladar ousa necrosar
o seio de tal amada

Esquece-se porém
que antes de seu vão contato
tal senhora tivéra gerado outros filhos
tão imponentes quanto esse vil ser

E como num fato grego
iniciam uma sangrenta batalha
ambos carregados de ideais
não se contentam em dividir
o carinho e a atenção da Eva atemporal

É a ópera do bem e o mau
da ilusão e o real
É o elo do ser e do ter
querendo tornar-se parede

É o épico cenário libertário
onde o livre tenta celar um chucro cavalo
esquecendo-se que tanto ele quanto o belo alazão
têm vontades e desejos próprios

É a plebe lutando contra o reinado
um conto sem heróis ou condenados
É o vivo que não deseja
por ser que seja, ser postumizado!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Palhaçada


Eu não sou palhaço!
se meu nariz sugere isso é mero acaso
dou piruetas diárias, visto fantasias variadas
mas mesmo assim, não sou palhaço!

Dou risadas e alegro aos outros
pulo num pé só, caminho na corda bamba
conto e vivo piadas
mas estou longe de ser a Vovó Mafalda

Corro pra lá e pra cá
Tropeço e levanto sem cessar
grito, canto, recebo ordens, cumpro-as...
Mesmo assim... Eu palhaço?

Trabalho, estudo, recebo salário
não faço o que quero, tenho um carro
acabo com o planeta, fumo cigarro
e ainda me tomas como palhaço?

Pago IPVA, IPTU, INSS, aluguel
programo minha lua de mel...
Vou ao Ibirapuera, cinema, teatro
tomo banho de mar, como brigadeiro
Tudo quando não estou no picadeiro!

É, talvez eu tenha um certo parentesco
com Atchim, Espirro, Lula, João, Margarida
Mas agora sem receio, sem palhaçada
sem mulecagem ou ironia... me diz:
O que difere o meu, do seu nariz?

Fé...

Será ela a fada do conto com sua varinha
à trazer novas expectativas pro amanhã
ou será ela a Bruxa medieval à mascarar
com sua magia nosso fatídico dia-a-dia?

Será ela a esperança canalizada,
a ilha fantasiosa perdida em alto mar?
Será a xícara de coragem
ingerida num leve e tenaz gole?

Tomada de inúmeras formas
movimenta tudo, todos
Sobre suas costas depositamos
todos os problemas mal solucionados
todos os sonhos ainda almejados

É a Sinhá a cirandar
com nossos "Cablocos-delirantes"
Está ao lado do herói e do oprimido
está no corpo, no sorriso, no coração e sentidos

É a brisa surgida após a tormenta
o motivo do devoto e da crença
é necessário tê-la sempre bem ao lado
e contar com seu certeiro e fiel amparo..

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A Bailarina

Analiso com a visão narcisista que não se põe sobre o espelho,
perpetuo esse espetáculo sentindo meus batimentos compassados
com o movimento suave e contagiande de seu corpo...
seu corpo que não se nega à entregar-se ao lindo ritual da dança
mas muda de opinião quando o convite vem dos meus braços
braços que querem apenas afagar toda a sua beleza
Enlouqueço toda vez que fito seu olhar em mim sem me ver
e como se toda essa loucura fosse normal, ainda me tentas com flertes..
Ah....esses flertes!
Já me conquistastes sem me dizer qualquer palavra, e ainda flerta?
Dançaria contigo durante todas as primaveras que ainda me esperam
Dançaria contigo sob o sol do verão ou a lua do mais intenso inverno...
Dançaria e cantaria aos 4 cantos do mundo, se necessário fosse pra lhe surpreender...
Pra conter toda essa ansiedade que me tomas por esperar tudo isso, é que escrevo
escrevo esperando apenas que abra a tal exceção
pra que esse espetáculo sinta toda a gradiozidade de nossa sensibilidade e emoção!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

a largada.....


Tic-tac, Tic-tac... Prim, Prim....
Acordou o rouba brisa matinal
e com isso foi dada a largada!
abro os olhos ainda dormindo,
tateio a cama num ritual de despedida
me levanto apos alguns minutos e parto pro banheiro

escovo os dentes, lavo o rosto, penteio o cabelo
olho novamente o relogio e observo meu atraso...
tomo café, como um pão, visto uma calça
uma camisa, ponho o tênis
caminho até o portão, tampo os ouvidos, esqueço da visão...
Paro de pensar e pronto...
Já posso ir trabalhar!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Quantas?

Quantas palavras formam uma poesia?
10, 20, 1 milhão, trinta?
O que é preciso?
Será que tenho que comer uma sopa de letrinhas
pra depois vomitar a tal da poesia?

Tem que falar de amor,
Sexo, beleza ou dor?
Tem que ser grande e dificil de ler,
ou pequena pra que qualquer um possa entender?

Quantas palavras?

Quantos versos e estrofes?
Tenho que ser capaz, ou somente contar com a sorte?
Sobre Filosofia? Romântica? Com ou sem irônia?

Quantas palavras?

À caneta, à lapís ou digitada?
Do que eu necessito?
Tenho que ler outras, pra poder fazer as minhas...
ou apenas deixar a vida ser vivida?
10, 20, 1 milhão ou trinta?
Quantas palavras?

sábado, 5 de abril de 2008

BR-116

Ao ver a grandiozidade de opções oferecidas pelo seu horizonte
me pergunto até onde poderia chegar?
Quão bela ou horrenda seria a próxima padara, o próximo lugar?
Vejo o despertar do sol inundar com fortes raios seu bolo petrolífero
coberto com a manta de pedregulhos, e amaciado pelos pneus radiais que por ali passam.
Seu fluxo parece não ter fim!
Imagino como seria extasiante dar boa noite ao luar, repletido nos pára-brisas que me ultrapassam e fazem um incrivel vai-e-vem de carros atrasados
Tento me distrair com um jogo de som e alto-falantes que me gritam:
"Hi-Hi Jhonny, Hi-Hi Alfredo"
E por consequencia, não coincidencia, me indago:
"Bye-Bye dia ou Bye-Bye emprego?"

Gente

A gente, pedacinho do mundo
Grãozinho de areia na extensão praiana
A gente, gota de chuva em pleno verão
tão fortes e frágeis diante a imensidão

A gente que pode ser uma tempestade de areia
ou uma terrivel enchente
a afogar tudo aquilo que reprime...
que reprime a gente

É a gente que faz, que muda , que luta
sob o sol, a chuva, o dia e a lua
A gente que escolhe e não desiste

Podem vir coronéis, politicos, maguinatas...
Pois é a gente que sofre, que se fode!
e a gente que se une quando quer
e é querendo que a gente muda...muda..
muda até mesmo a sorte!

terça-feira, 4 de março de 2008

Despertar...


Diante a iminência de um sonho outrora inalcançável
deturpam-se o chão e a realidade habitual
Cosmopolitas perdidos na imensidão mundana
vivendo toda ilusão pertencente ao ser racional

Ledo engano acreditar que o sonho seja apenas para sonhar
e que a realidade tenha esse ar inaceitável
Realidade: Sonho de um passado que foi alcançado
Sonho: Realidade de um futuro a ser almejado

Vos exclamo tais indagações
motivado pelo discernimento de ambas situações
Sejamos o Passado viril à acalentar novas alegrias
novas rimas, novas cifras e melodias à este sonho...
Este sonho chamado Brasil!

domingo, 2 de março de 2008

Samba Mundo!


Samba mundo...
Samba mulata, loira, cafuzo
Samba repique, pandeiro e bumbo!
Samba...

Samba Mundo...
Por um dia, uma noite, um minuto
Samba só, samba parceiro, samba conjunto
Samba a roda, samba a proza, samba viola
Samba garoto, menina e senhora
Samba...

Samba Mundo...
Samba católico, protestante, samba ateu e vagabundo
Samba no pé, no peito samba o swingue e samba enredo
o Samba é nosso, é vosso e é meu...
Samba, que também é teu!
Samba...

Samba Mundo...
Remelexe, discompassa e simula
Samba a boca, samba os olhos
Samba a pele, samba o pulso, samba a bunda!
Samba...

Samba Mundo...
Samba a alegria, samba a tristeza, samba a melodia
Samba meu pai, minha mãe, samba meu tio e minha tia
Samba eu e você, e me alegre com vida!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Santa Seita

Velhos amigos, novos irmãos
momentos alucinantes
realidade ou ficção?

Conversas da meia noite
entendidas por quem?
Por quem tenha vivido?
Quem tenha amado ou assistido?

Estar completo, comigo, contigo, conosco?
Coloço, colombo, esboço!
Esboço de uma vida única
Compreendida por por poucos
vivida por loucos
dividida por muitos

Muitos pensares, desejos e vontades
Mas que se unem quando o assunto se ressume...
Se ressume em AMIZADE!

Túnel do Tempo

Hoje me encontrei com o passado
vi em seu olhar um novo presente e outro futuro
Meu passado que já não me pertence!
Criou vida e opnião, sentido e emoção

Me torturou com seu pensar
por uma fresta em seu sorriso,
o ouvi murmurar certas palavras
pra mim, poucas eram entoadas
me deixou sem rumo, sem sumo

Me perdi no meu presente
contraditório? Surreal! Marginal...
Reneguei por alguns segundos
até que entendi, num surto, num vulto
Ele apenas era parte do meu presente
por onde construi meu futuro
sem rota, sem frota sem prumo!

ZooCity

Eu vi o Cão
no topo de uma escada
ele estava sentado
observava, mas não rosnava

O Cão estava quieto
com as mãos estendidas
pedindo carinho, pedindo afeto
com os pés descalços e olhar amarelo

Passou por ele o Porco
com o peito estufado e um terno discreto
olhou-o de cima pra baixo
como se fosse ele um insceto

O Cão abanou-lhe o rabo e latiu
o Porco sorriu e com um tom mais que viril
olhando de lado apenas cuspiu
Sou forte! Sou rico! Sou limpo!
Não me toque, não me olhe, não me irrite!

Com o olhar fixo e coluna ereta
disse-lhe o Cão com o ar de profeta:
Sim, tenho mau cheiro e trajo roupas velhas
Não preciso de água de cheiro, colônia ou esmero

Sou puro por ser quem sou
Te adimiro e posso até te amar
Não se assuste! Não pretendo te roubar
Mas se quiseres ao meu lado, pode-se sentar!