domingo, 27 de julho de 2008

Pira Bucólica

De andança solitária no deserto noturno, desbravei trilhas outrora roniteiras. O silêncioso sereno da madrugada abraçava a felicidade que fluia de mim tal qual Cavaleiro no seio de sua Amada. Tivéra sido uma noite regada à cerveja barata e pinga de má qualidade, mas que causaria inveja aos seguidores de Baco, se acaso pudessem nos ver. A contagiante alegria era visível, as bocas entoavam erroneamente frases que íam de Demônios da Garoa à King Diamond. Na varanda sorriam aqueles que relembravam aventuras passadas, e o que era pra ser uma nostalgia infindável, surpreendeu à todos tornando-se uma singela frase daquela página que sem saber íamos preenchendo. Logo alí, no fim da rua onde moro, vi a Lua com seu sorriso de menina completar minha ventura, fazendo de mim morada de sua plenitude. Foi onde tudo começou, que eu na sanidade de minha maluquez, feito fênix renasci como PiraBucólico que sempre fui...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Meu coração

meu coração é um cortiço
abriga à todos
branco, preto,
amarelo, vermelho

meu coração é um cortiço
cheio de bagunça
cheio de crenças
alegria, tristeza

meu coração não difere
é sempre acolhedor
bate em meu peito
tal brasileiro que sou

meu coração,
cortiço por vocação
guarda risadas e prantos
e mesmo cheio sempre abre
espaço pra mais um

meu coração, de criança à ansião
inveja os olhos quistos...
mas não foi feito pra curtição
por isso, logo aviso
mantenha distância,
se acaso não for bem vindo

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Na contra mão

Nada faz sentido
corrida sem circuito
músico sem ouvidos
Dom Quixote sem moinho

Nada faz sentido
cruz sem Jesus Cristo
dor sem grito
rota sem navio
pólvora sem pavio

Nada faz sentido
maratona anti-vida
garrafa vazia
despedida sem partida
futebol sem torcida

Nada faz sentido
Sexo sem tesão
namoro sem paixão
sangue sem coração
carro sem combustão

Nada faz sentido
sorriso sem alegria
choro sem pranto
passarinho sem canto
virado sem farinha

Nada, mas nada faz sentido
nada fez sentido
nada fará sentido
até que se faça o instinto
e os sentidos se desfaçam