terça-feira, 29 de abril de 2008

Universo em translação

Não é possivel prever ou imaginar
por quais mudanças iremos passar
num primeiro estágio de tais mutações
a nós, torna-se impossível aceitar

Sentimos medo do desconhecido
do que ainda não foi vivido
como se isso não fosse
puro e humano instinto!

Aceitar nossas mudanças
é trançar nossa própria constelação
que nunca se mostra imutável, de onde,
uma única estrela brilha em nosso chão

Chão do contorno pessoal
do desejo, da espectativa, da moral
Brilha em nosso chão ofuscando outros
motivos e contornos agora vãos

E é isso que somos,
uma enorme constelação
em um universo em translação
tão metamórfico quanto nosso chão

E se o próprio universo se modifica
porque tornaríamos estatícas nossas vidas?
É abraçando nossa metamorfose ambulante
que nos tornaremos livres, felizes, amantes

Livres pra dizer hoje NÃO!
Felizes por termos opção
e amantes de tudo aquilo
que surge sem a menor pretenção!

domingo, 27 de abril de 2008

De virada!

No supra-sumo do convivio humano
vagueio em pensamentos vãos
de repente tenho um lapso
de paranóia e exitação

Com a adrenalina de quem
se aventura num vôo de asa-delta
ou pula de pára-quedas
me proponho à vir embora

E num instante
sinto um frio na barriga
que não era de paixão ou euforia
era medo, medo da multidão
medo de gente, assim como eu

Desejei intensamente a solidão
do meu quarto do que
aquelas ruas onde era impossivel
dar alguns passos

E assim foi, de virada
deixei de ouvir gargalhadas
e parti para meu forte
que as vezes chamo de casa

Deixei de ser mais um na multidão
e passei a ser o único
em meio as paredes
da minha alucinação!

Mulher

Mulher, pedaço do azul anil
outrora nos trazendo alegrias mil
loira, mulata de maio á abril

Do seu peito, nos dá a mais bela alegria
Mulher, sem adjetivos ou subjetivos
Mulher, movimenta e enlouquece
embriaga e entristece

Amamenta e acalenta
Da a luz e o afeto
Mulher completa por si só

Mas que com certeza
cobra a nossa voz
a dizer que sem você
reduziríamos à homem
ou seria ao Pó?

Há muito...

Há muito desisti de insistir
de resistir ao que tende a vir
de engolir o choro pra poder sorrir

Há muito regorgito minha vã-filosofia
depois vomito nas paredes do meu quarto
que quase sempre são caladas e frias

Há muito não temo mais a lucidez
tão pouco inflamo minha maluquez
já não temo mais a morte
também não conto com a sorte

Há muito que quero sentir
toda a dor, todo calor, todo o sabor
quero caminhar descalço, sentir o asfalto
aposentar as chuteiras, não mais marcar

Há muito, com crase, sem H
com acento, minúsculo ou maiúsculo
Há muito me perdi quando
derepente, de te procurar desisti!

Sempre e hoje!

Hoje vou andar descalço
sentir as folhas secas sucumbirem
aos meus firmes passos
Vou pular corda sobre a linha do equador
imaginar figuaras nas nuvens do céu redentor

Vou rodar pião em meio as marginais
pular amarelinha sem querer chegar ao céu

Vou contar estrelas
ouvir contos de terror
jogar futebol na rua
andar de rolemã

Vou empinar pipa
jogar bolinha de gude
comer jujuba
tomar banho de chuva

Vou fazer tudo o que quero
sem medo ou vergonha
vou dançar ciranda
só pra relembrar a alegria
de que um dia já foi criança!

Veja margarida...

Bem me quer, mau me quer...
Bem, mau...Quem quizer?

Veja margarida quantas voltas da essa vida
como podes, deixar seu habitat
e vim para as minhas mãos
ouvir pessoais agonias?

Como podes aceitar que eu, mero humano
te ampute com meu futil pranto?

Maragarida, flor da tristeza
ou seria da alegria?
Porque permites que te use
em minha destada sangria?

Saibas que meus ansceios
não se resumem apenas em
quer-me bem ou mau

Saibas ó branco e amarelo
num formato intenso
que meu único desejo

É que me deixes com a dúvida
daquela alguém que ainda
não sei se me queria

e salte da minha mão
pra juntar tua beleza
com a vida de outra bela senhorita!

de filho pra pai

Existem pessoas que ao partirem
deixam gravadas em nossas retinas
imagens de uma vida tão breve quanto um suspiro
Partem sem avisar, sem pensar
não nos permitem uma despedida ensenar

De todos esses aventureiros
que partem pra uma próxima cruzada
sempre há um em especial
aquele que retem o abraço fundamental

Não tive muitas oportunidades de te falar
nunca o conheci completamente
não pude com conciência lhe amar

De uma hora pra outra acordei
e não havia mais o fusca amarelo
as idas ao sitio, os passeios de barco
não havia mais as costa de onde
brotavam inúmeros cravos

Corri o quintal procurando
vestígios da sua oficina,
do seu modo de vida
da figura paterna que eu conhecia

Durante os anos seguintes
procurava algo que lembrasse você
segui seus passos até onde pude
em busca da sua essência, transfigurei meu ser

Mas nada, não havia mais sua mão
a me erguer quando eu caia!

Hoje folheio livros que sua mente
já tivéra absorvido
imagino se é com a mesma destreza e emoção
Guardo a imagem de um sorriso amarelo
escondido em meio à fios avermelhados
O canto do olhar, já envelhecido
pelos sofridos dias vividos

E é com essa dor que peço lincença
pra não te ter mais como guia
regitro nessas fiéis linhas
lavadas com lágrimas realmente sofridas
meu desejo de não ser sua imagem cuspida no espelho
pois tal pai, como tal filho
sabem bem como escolher seu caminho

E se hoje, entre brumas
puder ler este texto
saiba que deixei de ser herdeiro
pra construir meu próprio reino.


para Antônio José Pereira, onde estiver...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Jardim da mais-valia

No subsolo caótico foi colocada a semente de uma árvore,a árvore da Pseudo-vida. Suas raízes de alimentam do chorume gerado por nossas ações! Tal planta nos oferece o fruto da alienação, que intorpece e indifere realidade e ficção.Aconchegar-se em sua pútrida sombra se tornou um ato tão humanizado, que esquecemos da fotossíntese mantenedora de nossos corpos, outrora vivos e agora sedentários. Por entre seus galhos percorrem insetos, que de veras, aceitam serem celados e guiados do que simplismente olhar ao lado.
Sim, respiramos somente o perfume exalado por suas folhas cinzas e bebemos da seiva que escorre pelas cavidades anais de seu tronco e depois de digitalizarmos toda as informações de um dia a menos de vida tentamos relaxar, olhar a lua, as estrelas
porém só tentamos...Sua polpa esconde tudo aquilo que é superior á ela, então viramos de lado esperando que um singelo, mas saudoso jardineiro, pode tal Erva-daninha pra que assim nossos póros sintam toda a magia do real e maravilhoso Dia!

ser livre...

...é poder se prender aquilo que deseja.

Libitum Vitae

Um Verme repousa seu frígido tato
sobre a epiderme conturbada da vida
com seu ácido paladar ousa necrosar
o seio de tal amada

Esquece-se porém
que antes de seu vão contato
tal senhora tivéra gerado outros filhos
tão imponentes quanto esse vil ser

E como num fato grego
iniciam uma sangrenta batalha
ambos carregados de ideais
não se contentam em dividir
o carinho e a atenção da Eva atemporal

É a ópera do bem e o mau
da ilusão e o real
É o elo do ser e do ter
querendo tornar-se parede

É o épico cenário libertário
onde o livre tenta celar um chucro cavalo
esquecendo-se que tanto ele quanto o belo alazão
têm vontades e desejos próprios

É a plebe lutando contra o reinado
um conto sem heróis ou condenados
É o vivo que não deseja
por ser que seja, ser postumizado!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Palhaçada


Eu não sou palhaço!
se meu nariz sugere isso é mero acaso
dou piruetas diárias, visto fantasias variadas
mas mesmo assim, não sou palhaço!

Dou risadas e alegro aos outros
pulo num pé só, caminho na corda bamba
conto e vivo piadas
mas estou longe de ser a Vovó Mafalda

Corro pra lá e pra cá
Tropeço e levanto sem cessar
grito, canto, recebo ordens, cumpro-as...
Mesmo assim... Eu palhaço?

Trabalho, estudo, recebo salário
não faço o que quero, tenho um carro
acabo com o planeta, fumo cigarro
e ainda me tomas como palhaço?

Pago IPVA, IPTU, INSS, aluguel
programo minha lua de mel...
Vou ao Ibirapuera, cinema, teatro
tomo banho de mar, como brigadeiro
Tudo quando não estou no picadeiro!

É, talvez eu tenha um certo parentesco
com Atchim, Espirro, Lula, João, Margarida
Mas agora sem receio, sem palhaçada
sem mulecagem ou ironia... me diz:
O que difere o meu, do seu nariz?

Fé...

Será ela a fada do conto com sua varinha
à trazer novas expectativas pro amanhã
ou será ela a Bruxa medieval à mascarar
com sua magia nosso fatídico dia-a-dia?

Será ela a esperança canalizada,
a ilha fantasiosa perdida em alto mar?
Será a xícara de coragem
ingerida num leve e tenaz gole?

Tomada de inúmeras formas
movimenta tudo, todos
Sobre suas costas depositamos
todos os problemas mal solucionados
todos os sonhos ainda almejados

É a Sinhá a cirandar
com nossos "Cablocos-delirantes"
Está ao lado do herói e do oprimido
está no corpo, no sorriso, no coração e sentidos

É a brisa surgida após a tormenta
o motivo do devoto e da crença
é necessário tê-la sempre bem ao lado
e contar com seu certeiro e fiel amparo..

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A Bailarina

Analiso com a visão narcisista que não se põe sobre o espelho,
perpetuo esse espetáculo sentindo meus batimentos compassados
com o movimento suave e contagiande de seu corpo...
seu corpo que não se nega à entregar-se ao lindo ritual da dança
mas muda de opinião quando o convite vem dos meus braços
braços que querem apenas afagar toda a sua beleza
Enlouqueço toda vez que fito seu olhar em mim sem me ver
e como se toda essa loucura fosse normal, ainda me tentas com flertes..
Ah....esses flertes!
Já me conquistastes sem me dizer qualquer palavra, e ainda flerta?
Dançaria contigo durante todas as primaveras que ainda me esperam
Dançaria contigo sob o sol do verão ou a lua do mais intenso inverno...
Dançaria e cantaria aos 4 cantos do mundo, se necessário fosse pra lhe surpreender...
Pra conter toda essa ansiedade que me tomas por esperar tudo isso, é que escrevo
escrevo esperando apenas que abra a tal exceção
pra que esse espetáculo sinta toda a gradiozidade de nossa sensibilidade e emoção!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

a largada.....


Tic-tac, Tic-tac... Prim, Prim....
Acordou o rouba brisa matinal
e com isso foi dada a largada!
abro os olhos ainda dormindo,
tateio a cama num ritual de despedida
me levanto apos alguns minutos e parto pro banheiro

escovo os dentes, lavo o rosto, penteio o cabelo
olho novamente o relogio e observo meu atraso...
tomo café, como um pão, visto uma calça
uma camisa, ponho o tênis
caminho até o portão, tampo os ouvidos, esqueço da visão...
Paro de pensar e pronto...
Já posso ir trabalhar!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Quantas?

Quantas palavras formam uma poesia?
10, 20, 1 milhão, trinta?
O que é preciso?
Será que tenho que comer uma sopa de letrinhas
pra depois vomitar a tal da poesia?

Tem que falar de amor,
Sexo, beleza ou dor?
Tem que ser grande e dificil de ler,
ou pequena pra que qualquer um possa entender?

Quantas palavras?

Quantos versos e estrofes?
Tenho que ser capaz, ou somente contar com a sorte?
Sobre Filosofia? Romântica? Com ou sem irônia?

Quantas palavras?

À caneta, à lapís ou digitada?
Do que eu necessito?
Tenho que ler outras, pra poder fazer as minhas...
ou apenas deixar a vida ser vivida?
10, 20, 1 milhão ou trinta?
Quantas palavras?

sábado, 5 de abril de 2008

BR-116

Ao ver a grandiozidade de opções oferecidas pelo seu horizonte
me pergunto até onde poderia chegar?
Quão bela ou horrenda seria a próxima padara, o próximo lugar?
Vejo o despertar do sol inundar com fortes raios seu bolo petrolífero
coberto com a manta de pedregulhos, e amaciado pelos pneus radiais que por ali passam.
Seu fluxo parece não ter fim!
Imagino como seria extasiante dar boa noite ao luar, repletido nos pára-brisas que me ultrapassam e fazem um incrivel vai-e-vem de carros atrasados
Tento me distrair com um jogo de som e alto-falantes que me gritam:
"Hi-Hi Jhonny, Hi-Hi Alfredo"
E por consequencia, não coincidencia, me indago:
"Bye-Bye dia ou Bye-Bye emprego?"

Gente

A gente, pedacinho do mundo
Grãozinho de areia na extensão praiana
A gente, gota de chuva em pleno verão
tão fortes e frágeis diante a imensidão

A gente que pode ser uma tempestade de areia
ou uma terrivel enchente
a afogar tudo aquilo que reprime...
que reprime a gente

É a gente que faz, que muda , que luta
sob o sol, a chuva, o dia e a lua
A gente que escolhe e não desiste

Podem vir coronéis, politicos, maguinatas...
Pois é a gente que sofre, que se fode!
e a gente que se une quando quer
e é querendo que a gente muda...muda..
muda até mesmo a sorte!