segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

polêmica...

falo da falta sim
- senhores
a falta anda matando
tirando da boca banguela
botando no rabo de todo mundo
a falta de pão
a falta de vida
a falta de sonho
fudeu mais um milhão...
nossas terras
nossos rios
nossos índios
nossos risos
a falta de vergonha
a falta de honestidade
a falta de bondade
a falta de gentileza
arregaçou mais uma bunda
não adianta aclamar uma nação que ainda dorme
boa noite cinderela
a falta de amor
matou mais um menino
feriu mais uma senhora
matou aquela mulher
parida
na calçada
o que vive após isso?
marxismo, anarquismo, outro ismo
é o caralho
a falta de humanidade causa uma dor
um frio
um medo
que não se teoriza
não se retrata, não encena, não se ensina
falta a verdade
nem deus
nem o diabo
nem a morte
falta vida nos olhos
falta a pátria
falta a maloca
falta a quizumba
falta o quilombo
falta dinheiro
e o preço
não posso pagar
me falta uns tostões, uns trocos
e no final
a puta sou eu...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

um bom lugar...

hoje trovejou um algo que o tempo fez vapor
frente aos olhos
a lembrança dos cantos,
cantigas de chuvisco
vem da rosa esse balé de letras
enxovalha a alma da gente
com delicadeza e sabedoria
o jogo que os homens criaram vira ciranda
na ponta da língua o acido da saliva que recria
tempestade
recita toró
trovão é o grito febril e a alma exala: Liberdade
relampiado meu pranto vem 
nada a mais dos tantos outros alem de mim
é raio, é foda
na quebrada ainda lembro das gudis
das pipas, dos parças, marolas
e longe no morro se vai
a poesia
bom jesus, pirapora proteja
saravá meu panelafro
esse mangue ainda vive
longe do sertão, há esses domingos
de afonsos, bentos, celsos
na bera do córrego, deságuo favela
em seus caminhos à M Boi
sta edwirges e figueiras grandes
cai cai num jardim das flores
onde tudo se refaz,
onde todos fazem morar
nem que seja um cadim
baguio loko essa quebrada
tantos que vivem em vão
tantos que se foram
tantos que riram com zés, vitors, correias, vals
vejo aqui onde estou agora
com os olhos fechados
o cheiro dessa gente toda
guerreira,
maloqueira
quando penso em seus caminhos
resgato minha pisada
e então oceano saudade
nesse samba da cultura
meu coração pulsa
então imaginando casa
me inclino e concluo:
!Oooo lugarzim

sábado, 17 de agosto de 2013

Preta

O Preta
me mostra os caminhos do agora
com a sabedoria de quem só vive uma vez
me de a coragem que preciso pra seguir
esse jeito de bater de frente
malandragem dos nossos antepassados
Herculanos
firmeza no rebolado, que na vida
nem sempre o samba é alegre
Preta criadora
nos vacilos e nas vacinas
sempre um novo jeito de sacudir a poeira
dar a volta por cima
criou os filhos como quem rompe as amarras
neguinha ligeira
escancara o cativeiro das angustias da gente
Esperança
preta
Dona Lourdes
dou graças por pertencer a ti
mas me ensina preta
a ser forte como teu grito
a ser vívido como o cheiro dos teus cabelos
a ser verdade como o tom da sua pele
mostra pra esse vagabundo
no silencio do seu olhar
toda a verdade que o tempo escondeu
esquenta na frigideira um tanto de mexido
bota um arroz, prepara um café
separa uma colher a mais
e ensina pra tua neta
que dignidade preta
é importante como o ar
que cabeça erguida 
olho no olho e pulso firme
pra nóis é seguro de vida
coisa de história talvez
Preta
ensina pros filhos
que liberdade
é mais do que um acordo civil
que migalha não enche barriga
nem alimenta o coração de ninguém.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fluido...

Daqui onde céu e mar se encontram
observo o que restou de nós
na garganta o grito que ainda não se cala
no peito aquele vazio que a tarde visita
saudade
No ar, o cheiro de tudo que é novo
os caminhos, os domingos, os sorrisos
no chão os mesmos pés orientando a pisada
bucolismo maloqueiro...
Aqui, onde me encontro agora
faço tempo pro dia não virar hora
no suor o mesmo sangue
na saliva a mesma fome
E o morro me olha,
e me vejo morro
no vento que em mim passeia
noticias de outrora
daqui onde tempestade me recria
deságuo corredeira
lagrima fria pro mar que não se finda em mim...
 

sábado, 3 de agosto de 2013

Senhoras e senhores
cuidado!
a vida é tão séria
quanto o sorriso de uma criança

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Adeus Você

Quando partem as frações
o inteiro se refaz
novos algarismos
novos argumentos
Adeus você
que ruma
numa rota de fuga
silêncio

Meus argumentos são pulsações
segundo Daniel Fagundes:
A saudade é pedaço do passado
que não sei do meu presente

Quero então pro futuro
saudar os momentos felizes
os amores possíveis
passividade pra receber paz.

Adeus você
Que em lutas quase me derruba
mas busco
em caminhos profanos
revelações, profundidade

Mergulho também é sobrevoo
folego, suspiro
e minha voz, sou eu, vento, vendaval, maresia

Adeus você que em mim pousou
viveu, faleceu

Fotografia boa
é memória desbotada
sorrisos ecoando nas lembranças
sinfonias pra um novo amanhecer

E pra Zé Gê
o Recomeço é como o dia que anoite faz morrer
No entanto,
anarquista que sou
prefiro Belchiorar:
- Saia do meu caminho...

À sombra do passado
caminho assustado pela cegueira do presente
futuro certo é viver como quem viaja
por isso na vida passo clandestino
admirando passagens, paisagens
talvez girando, girando e  logo volte ao mesmo lugar
Onde tudo acaba, onde tudo começa

Pois num muro branco e baixo
num quintal onde luzia à infância
dois garotos ainda planejam o futuro...


sábado, 1 de junho de 2013

Mergulho

Me levou ao horizonte
teu sopro no pé do ouvido
tempestade dissonante

Labirinto gelado e pulsante
sem juízo, esquivo da razão
seja a paz insana idade

Da pele ao concreto
M´boi Mirim, em mim
Concerto em Si maior

Do chão pisado
Proletário
Minha riqueza: dignidade

Ver a cidade meu inverso
em peruibe ou no panamá
Piraporar

Rabiscar onde só eu leia
Cirandar só
Girar, criança, girar

Caminhar
unir versos
transar, trançar, falar

Ouvir o que me digo
Lento
leve, devagar

Passo-a-passo
Dia-a-dia
vivo devagar

recordações me levam
e num instante
me canta a memória

Divagando
um sorriso me abraça
me entrego a ti, mar.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Maria-mole e colchão de maderite

Quando o caos pede silencio, a alma pede respeito. Dizem as bocas perfeitas que seus ouvidos querem a verdade sincera, mas a vida mostra e afirma : - a verdade sincera é e sempre será  anarquista, a alma chutando as formalidades da razão com seu coturno de outras andanças. O amor, é a alforria do coração
mas, como sempre tem um "mas", os ouvidos são reacionários. [ o ser anarquista as vezes parece (mas nunca nega) negar o amor]. Nessa sociedade de classes, classificam e julgam até o sentimento alheio. E luta de classes, ou classificadas somente é relevante quando a pratica é modo de vida, sobrevivencia e não teoria. Ideologia vagabunda é o amor vira-latas, tomba lixo pra escancarar a sujeira e com amor ajudar a limpar, é se doar pra ver os agregados do bando bem, chega de lobos e raça pura. Na rua, na lua, na indefinição brasileira de gens, mora todo o afeto, todo o companheirismo, toda a lealdade. Sabedoria vira-latas, é sorrir pra aproxegar, caminhar por onde for, sempre ao lado, rosnar só pra proteger as crias, e morrer se for o caso pra não oferta-las a luta, como quem se defendo pelo brilho dos outros olhares. Sabedoria vira-latas é ser fera por reconhecer o medo, ser bixo pra tirar força do coração e enfrentar quando necessário, é ser forte por saber que a maior fraqueza é querer ser forte o tempo todo.