quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Abelhudo...

das vezes que morri
ele esteve la
morrendo também
trincando os dentes
num sorriso de esconder lágrimas
nessa estrada sem chegada
somos ele e eu
e ainda há quem duvide
uma pena
uma subtração a mais

de passagem por esse plano
viver num lar
dividir um pão
isso nos alimenta
nos gritam canções
pra beber da lágrima
na mais singela cabaça
e matar a sede da alma
mesmo cansado de tanto pulsar
mesmo afogado num mergulho sem precedentes

e o mundo em seus planos reais
avalia, critica, humilha
em trejeitos classe média
na mediocridade do tempo metal
a festa do supermercado
o brilho full hd
faz valer mais do que nós
sem era nem bera
sem cor, crença ou fraternidade

das dores
 talvez a maior
é ver padecer entre nós
e entre nós a corda esticar
e a forca doer
e o fundo não dar pé
e a gente verter o ar
como quem emerge
buscando folego no sol

e o mar nos vomita
fazendo da praia nossa maior ferida
e o amor nos vomita também
fazendo da vida outra ferida a ser cuidada
e nós, eu e meu coração
sancho e quixote
mais uma vez ao vento rogamos
que se for pra morrer num mergulho
que seja por amor
pois quanto mais alto o trampolim
mais tempo ficamos no céu...

domingo, 29 de junho de 2014

fé...

que a minha felicidade
seja mais ameaçadora que meu grito de dor
que minha luta,
seja clara
exposta e incolor
que venha o que vier
quando e como quiser
de peito aberto
mesmo se eu cair
ainda irei resistir
e a lua que não duvide
da história que em mim vive
é que nesse jogo de gato e rato
preto e branco
rico e pobre
a maior arma é a alegria
entregue a união
de quem faz sorrir...

terça-feira, 24 de junho de 2014

trampolim

no começo
foi o brilho do mundo
o calor do sol
o sorriso, o luar
o canto

logo depois
foi o gozo
a loucura
o doce e a aventura

seguindo veio o sonho
a luta o gozo o sol
a lua, nua amanhece

e então vieram
na espiral do tempo
a saudade
a dor
a fome a sede
a saudade
a perda
o gozo, a fúria

sem cansar trouxeram também
o tempo
a falta de tempo
a falta de grana
o medo
a solidão
o tempo!!!!!

de todas as terras que o corpo não habita
vieram o frio, o medo
o calor da fúria
a saliva da saudade
o tremor da solidão

mas minha tribo coração me aquece
pois das tantas trilhas 
das tantas tempestades
deixei saudades por ai
gritos de amor
gemidos de gozo
forças de abraço
sorrisos de alvorada...

Ahhhhhhhhh
por mim a vida passou e vez morada
pois com seu tapa na minha cara
apenas acordo
e o tempo
e a solidão 
e a saudade
e o canto
e a luta... minha cura!
é e sempre será a incessante busca
por amor 
por fé
por liberdade
loucura?
seguindo apenas o que carrego no peito
ao mar re-clamo
entre o céu e a terra
mais vale morrer na queda
do que viver pensando...




terça-feira, 10 de junho de 2014

alado...

embora me falte o bigode
com meus idolos compartilho
o fel de toda poesia que não pude escrever
o amor que como faca me fatia
e uma parte de mim mendiga, raciona, racional
e outra doa, ferve, zomba se apaixona
na rua meus sonhos ainda lacrimejam
enquanto no vento uma velha canção me veste
antigo é meu pranto por liberdade
esculpido na carne me navego e busco alternativas
algo que me tire do conceito cidadão comum
entre vias, entrevistas ao léu
e no meu silencio existo céu
sol sou de um peito que já trovejou muito
e só
nada além de uma fresta na existência do tempo
de sangue e alma e de lama e de calma
não quero não essa tal glória
nem essa tal  meta
tampouco essa tal realização
me interessa o desconhecido
aquilo que não da certo
o que me prova estar vivo
sou rio a toa, e fluindo esses nós me navegam
era a velha que sabia?
era o jovem que mentia?
o velho que criava?
era eu todas as interrogações
nada sabemos e a duvida votaremos?
mas o amor me abriu fronteiras
as pernas, o ziper
abriu também um vão em meu coração
em vão meu peito quis deter
mas como eu o amor flui
do meu peito se vai
pois já não me pertence
tanto quanto pertenço à suas asas
livres e incendiárias

terça-feira, 1 de abril de 2014

Todo ação de luta
toda manifestação de fé
deve ser como poesia:
- Um quadro pincelado,
entregue aos olhos vidrados
de quem não enxergava bem.